Mudanças e ansiedade infantil
Tudo o que os pais querem é que seus filhos estejam felizes, saudáveis e seguros. Entretanto, estar diante de uma situação nova, como a mudança de escola, conflitos familiares ou a mudança de morada, são motivos que podem desencadear um processo de ansiedade, mesmo em uma criança que até então não demonstrava insegurança.
As crianças são sensíveis à insegurança dos pais. Se o contexto de mudança na família trouxe mais desconforto que o esperado, os pais devem ficar atentos ao comportamento da criança, verificando se ela está feliz e confiante com a situação. Quando a criança se sente segura, protegida e amparada, ela tende a sentir-se mais calma e tranquila.
Quando a criança sente-se com medo, o sofrimento vai ser sinalizado de várias formas: nos conteúdos dos desenhos e das brincadeiras; na mudança de comportamento e de humor; na regressão às atitudes mais dependentes e infantilizadas que as esperadas para a sua idade (como voltar a fazer xixi na cama, a chupar o dedo); nas queixas de fome, dores de barriga ou de cabeça; na redução da qualidade do sono (inquieto, insônia ou pesadelos).
A ansiedade infantil pode se apresentar de diferentes formas:
- Transtorno generalizado de ansiedade: a criança tem a sensação de que algo muito ruim vai acontecer, seja com ela, com a família ou com pessoas com quem se importa; na escola, na rua ou em casa, está sempre alerta e insegura.
- Fobias: a criança tem uma reação de medo desproporcionalmente maior ao perigo que o “objeto” do medo efetivamente causaria. Sente-se apavorada e tem reação de fuga e evitação.
- Ansiedade da separação: a criança costuma apresentar um quadro de ansiedade intenso quando está ou vai ficar longe da casa ou fora da presença dos pais e/ou cuidadores.
- Ansiedade social: a criança teme entrar em contato com outras pessoas e sentir-se exposta. Evita iniciar conversa com pessoas que não da família e teme ser chamada pelo professor para responder uma pergunta na frente dos colegas.
Como os pais podem ajudar? Experimente conversar com a criança, esforçando-se para compreender o ponto de vista dela, sem impor o seu. Não há problema em dizer que a mudança também trouxe algum desconforto para os pais, mas confirme para a criança os aspetos positivos e a competência dos pais para superar os negativos e retornar a uma condição mais segura. Busque esclarecer as dúvidas da criança, explicando numa linguagem clara apenas aquilo que ela perguntou. As crianças não são precisam ouvir tudo o que causa sofrimento aos adultos, para isso recorra a um bom amigo ou ao psicólogo.
Mesmo com tudo o que a mudança exige de sua atenção, cuide para que a criança permaneça a sentir-se amada e protegida. Caso ela tenha mudado de escola ou de morada, ajude-a a integrar-se num novo grupo de amigos. Peça ajuda aos professores, eles provavelmente já tiveram que lidar com crianças com sintomas de ansiedade outras vezes.
Se a ansiedade persistir, é hora de buscar ajuda profissional. Na psicoterapia infantil, a psicóloga tanto vai ajudar os pais a identificarem as causas da ansiedade e com eles elaborar estratégias de intervenção familiar; como vai ajudar a criança a reconhecer e expressar seus sentimentos de forma saudável, fortalecendo-a com estratégias para lidar com seus medos.
Não é recomendável que a ansiedade infantil seja tratada com medicamentos. No entanto, substâncias encontradas nos alimentos podem ser de grande ajuda. O triptofano é ótimo para melhorar o humor e proporcionar sensação de bem-estar, pois auxilia na formação de serotonina, uma substância presente no cérebro que facilita a comunicação entre os neurônios, regulando o humor, a sensação de fome e o sono. Os principais alimentos ricos em triptofano são a carne, peixe, ovo ou leite e derivados.
Os alimentos ricos em ômega 3 também ajudam a combater a ansiedade, pois baixam os níveis de cortisol, portanto, reduzem o estresse. Ômega 3 é mais presente em peixes (sem retirar a pele e sem fritar), nas nozes e sementes de chia e linhaça.
Caso tenha percebido que os sintomas que a sua criança apresenta enquadram-se aos aqui citados, não exite em entrar em contato. A intervenção, logo no início previne a instalação de um transtorno de ansiedade mais grave que possa prejudicar o desenvolvimento da criança.